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  • Daiane Fernandes

A ansiedade entre a folha em branco e o prazo

Sobre a relatividade do tempo e trabalhar com ideias


Ah, a folha em branco. Quando comecei a fazer os meus primeiros trabalhos como redatora, a folha em branco era bastante desafiadora (para não dizer assustadora). Sempre amei escrever, mas quando você tem que escrever para os outros e passar pelo crivo da sua equipe e do cliente, depois ainda ser julgado pelo público-alvo, bate um frio na barriga.


Afinal você está escrevendo para uma imensidão de gente! Eu lembro que nessa época eu revisava mil vezes uma única frase, mandava para colegas de faculdade e para redatores mais experientes darem o seu parecer, pedia pra minha mãe ler e, é claro, colegas do trabalho, pra tentar entender mesmo se o texto estava fazendo sentindo.


O que sempre me preocupou (e preocupa) foi escrever algo que fosse facilmente compreendido. Quando eu mostrava e a pessoa ficava com dúvida eu já logo me forçava a pensar de um jeito completamente diferente porque aquilo com certeza não era bom.


E aí, acontece que de tanto fazer isso todos os dias, essa pressão inicial vai sumindo, mas a cobrança interna continua.


Este texto mesmo que eu estou escrevendo agora, desejo que soe o mais natural possível, como se eu estivesse conversando com você. Então eu literalmente c̶a̶g̶u̶e̶i̶ pra SEO e só quero mesmo que essas palavras possam ser úteis de alguma forma. Mas me pergunto se estou mesmo atingindo esse objetivo (depois você me conta).


E essa cobrança continua porque também existe uma coisa chamada prazo.


Às vezes (ou na maioria delas), pedem pra você um texto pra daqui meia hora. Uma landing page inteira para o final do dia. Um artigo de 2000 palavras para amanhã de manhã. Sua pauta já tem mais dois cronogramas de um mês inteiro pra redes sociais e três trilhas de e-mail marketing (olha aí, até dá um trava-língua como aquele dos três tigres tristes).


Sim minha gente, redatores suam!


Tá certo que às vezes é algo que você gosta tanto de escrever sobre ou já tem tanto conhecimento, que a coisa flui naturalmente. Mas também vai ter vezes que você vai ficar olhando pra essa página em branco aí em cima, paralisada. Tic-tac. Já são 16 horas e o cliente espera que eu entregue esse texto às 16 horas e trinta minutos. So-cor-ro.


A dica é: lembre que o tempo é relativo


A boa (ou nem tão boa assim) notícia que eu tenho pra você é que eu já tô faz uns 12 anos fazendo isso e ainda bate aquela ansiedade quando o prazo é curto e preciso entregar um texto bem-feito.


Isso porque tem vezes que você consegue puxar do seu repertório alguma coisa e associar de forma rápida, chegando a opções bem legais.


Mas tem outras vezes que o negócio trava, você não consegue pensar em nada interessante, começa a olhar referências desesperadamente, pra saber como que fizeram em outros lugares, e tudo parece clichê e sem graça ou pode ser que o briefing do cliente é que seja meio tosco mesmo e fica difícil tirar leite de pedra.


Nessas horas o que eu tenho para dizer é: lembre que o tempo é relativo. Inclusive para quem pediu algo genial pra você em meia hora. A relatividade de algumas pessoas é espantosa. Então assim, antes de tudo: se for negociável, peça mais tempo para que o processo seja mais natural e menos estressante.


Quando a gente tempo suficiente, dificilmente vai bater a ansiedade para escrever o texto.


Se não rolar, eu tenho o seguinte manual de sobrevivência diante da folha em branco e do prazo curto:

  • Respire fundo.

  • Relativize o tempo: não olhe para o relógio. Dê todo o gás que puder com o tempo que tem. Se precisar ligar um despertador para evitar isso, faça.

  • Aconteça o que acontecer, trave a sua pauta pra focar só nisso (você já tem só meia hora, me poupe!): se além do prazo curto você ainda tiver que enfrentar interrupções a cada 5 minutos, não vai sair nada mesmo.

  • Foque nas informações principais: o quê, quando, como, por quê, pra quem.

  • Se estiver muito sem briefing, peça maiores explicações: tudo o que for de ideia a mais nesse momento só vem para ajudar você.

  • Crie um rascunho com tudo isso.

  • Comece a se jogar nas palavras pra ver o que sai.

  • Se não sair nada, olhe referências, fale com alguém que possa ajudar.

  • Faça pelo menos três opções, se não estiver segura, peça a opinião de alguém.

  • Escolha a ideia que parece a mais interessante para você.

  • Revise e perceba se a ideia tá clara e vendável.

  • Ler em voz alta me ajuda muito na hora de checar a ideia.

  • Jamais envie antes de revisar.

  • Envie e cruze os dedos.

Tenha certeza de que você fez o seu melhor com o pouco tempo que lhe foi dado.


Trabalhar com ideias é assim mesmo. Não existe fórmula mágica, não é que nem uma linha de produção que você sabe quantas caixas são embaladas por minuto. Na verdade, quanto mais tempo a gente tiver, melhor.


Outra diquinha esperta é que o ideal é sempre pedir mais tempo do que realmente precisa para fazer as entregas. Assim, se rolar aquele bloqueio criativo, você pode usar o tempo extra tanto para fazer fluir quanto para revisar.


Essa coisa da ideia é meio imprevisível mesmo (relativa, né?). Conforme a gente vai fazendo textos, vai entendendo melhor quanto tempo levamos pra fazer cada tipo de material e no que temos mais ou menos facilidade. Vamos definindo nosso estilo de redação.


Também vão surgir demandas específicas com assuntos que você nunca viu: pra mim, essas costumam ser as mais difíceis de mensurar a entrega. Aí você precisa se basear naquilo que já fez até então e pedir o dobro do tempo, porque uma coisa é certa: o tempo é relativo, mas o prazo é absoluto – e um profissional de respeito sempre honra seus prazos.


No fim, é como equilibrar emoção e razão. A emoção das nossas ideias com a razão da pauta. Parece loucura, mas é possível acalmar essa ansiedade e chegar a bons resultados apesar do relógio nunca parar de girar.


E você? Me conta: como lida com isso?

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